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O Abandono Durante o Tratamento do Câncer de Mama



O câncer de mama é uma das principais causas de morte entre mulheres no mundo. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são registrados cerca de 66.000 novos casos anualmente.


O tratamento é desgastante e complexo, envolvendo cirurgia, quimioterapia, radioterapia e acompanhamento psicológico. Contudo, algo que muitas vezes não recebe a devida atenção é o abandono emocional que muitas mulheres enfrentam durante essa jornada. Esse abandono, que pode ser devastador tanto para a saúde física quanto para a mental, precisa ser discutido.


Mulheres com câncer de mama enfrentam inúmeros desafios, e entre os mais dolorosos está o término de relacionamentos — seja em namoros ou até mesmo casamentos — justamente no momento em que mais necessitam de apoio e suporte. Segundo Annamaria Massahud, médica mastologista e secretária adjunta da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), “não há uma estatística específica sobre o abandono, mas dados mundiais indicam que mulheres diagnosticadas com câncer de mama têm 20% mais chance de se separar em comparação com aquelas que não possuem a doença”.


As mulheres em tratamento de câncer de mama sentem-se abandonadas em algum momento. Esse abandono não se resume apenas à ausência física, mas também ao enfraquecimento do apoio emocional. Familiares e amigos, que inicialmente se mostram solidários, muitas vezes se distanciam à medida que o tratamento avança. Esse distanciamento pode intensificar o sentimento de solidão e desamparo, agravando o impacto emocional da doença.


O tratamento oncológico não é apenas uma luta física; ele afeta profundamente a identidade e a autoestima da mulher. A perda de cabelos, mudanças no corpo e a fragilidade física são apenas algumas das mudanças que afetam o modo como a paciente se enxerga e se relaciona com o mundo. O isolamento emocional, agravado pelo afastamento de pessoas queridas, pode ser tão devastador quanto o próprio diagnóstico, gerando sentimentos de rejeição, medo e desespero.


Essas mulheres, que já estão enfrentando uma batalha física, veem-se também lutando para manter sua saúde mental em meio à desconexão emocional. O acompanhamento psicológico, portanto, se torna indispensável. Estudos apontam que cuidar da saúde mental auxilia na cura do câncer de mama, pois a psicoterapia oferece um espaço seguro de acolhimento e escuta. Nesse contexto, a paciente pode ressignificar suas vivências, fortalecer sua autoestima e encontrar novos recursos internos para lidar com o tratamento. É inegável a ligação entre saúde mental e o sucesso do tratamento oncológico.


Entretanto, o cuidado não deve se limitar ao que vem de fora. O autocuidado é um aspecto fundamental que precisa ser incentivado. Cuidar de si mesma durante o tratamento é um ato de resistência e uma forma de reafirmar a própria existência. Isso inclui não apenas o cumprimento rigoroso das recomendações médicas, mas também práticas que promovam o bem-estar emocional e psicológico. Exercícios de respiração, mindfulness, e momentos de reflexão podem ajudar a mulher a se conectar consigo mesma e a lidar melhor com a sobrecarga física e emocional que a doença traz.


Infelizmente, muitas mulheres se perdem no meio das exigências do tratamento médico e esquecem de suas próprias necessidades emocionais. No entanto, escutar suas próprias fragilidades, acolher suas emoções e respeitar seus limites são formas poderosas de autocuidado. São esses pequenos gestos que as ajudam a lidar com a angústia e a vulnerabilidade de uma forma mais saudável.


Como sociedade, e principalmente como profissionais de saúde, devemos refletir sobre o papel que desempenhamos no suporte a essas mulheres. O abandono emocional é uma ferida que não pode ser ignorada. É preciso criar espaços de empatia, diálogo e acolhimento, para que essas mulheres se sintam amparadas e apoiadas em todos os aspectos de sua jornada. O câncer de mama não é apenas uma doença do corpo; ele toca a alma e exige que o cuidado e o autocuidado sejam vistos como parte essencial do tratamento.


Assim, é fundamental que as mulheres em tratamento saibam que não estão sozinhas. O apoio emocional e psicológico não é um luxo, mas uma necessidade vital. E, para a mulher que enfrenta o câncer de mama, o autocuidado é uma forma de reafirmar sua luta, sua resiliência e seu desejo de continuar vivendo plenamente. Cuidar de si mesma é, acima de tudo, um ato de amor.



 

REFERÊNCIAS:

AGÊNCIA PARÁ. Cuidados com a saúde mental auxiliam na cura do câncer de mama. Disponível: https://agenciapara.com.br/noticia/48679/cuidados-com-a-saude-mental-auxiliam-na-cura-do-cancer-de-mama-diz-psicologa.


MÍDIA NINJA. Na saúde sim, na doença nem sempre: O abandono vivido por mulheres em tratamento oncológico.Disponível em: https://midianinja.org/na-saude-sim-na-doenca-nem-sempre-o-abandono-vivido-por-mulheres-em-tratamento-oncologico/.

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