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Carta Aberta - Burnout

Atualizado: 15 de abr.


Estimadas(os) leitoras(es),


É com um misto de vulnerabilidade e coragem que me dirijo a vocês neste espaço tão especial, onde compartilhamos reflexões, aprendizados e experiências relacionadas à psicologia e ao bem-estar. Como psicóloga e pedagoga, não poderia deixar de abordar um tema que, infelizmente, tem se tornado cada vez mais presente em nossas vidas profissionais: o adoecimento, em especial, o Burnout, que não é apenas um conceito teórico, mas uma realidade que muitos de nós enfrentam diariamente.


A jornada como coordenadora pedagógica em uma escola pública de grande porte é desafiadora e repleta de aprendizados. Ao mesmo tempo em que busco estar atualizada nos estudos e atender às demandas das famílias, gestores, professores e estudantes, também enfrento a realidade de cuidados em casa e com a família, uma responsabilidade que, muitas vezes, se torna invisível aos olhos de quem está de fora.


Neste trajeto, vivenciei não apenas os desafios inerentes ao ambiente educacional, mas também enfrentei um momento delicado com o adoecimento de uma das pessoas que mais amo nesta vida, minha base.


Essa situação, somada à sobrecarga de trabalho, resultou em um impacto significativo em minha saúde, tanto física quanto mental. E sim, como profissional de saúde, me vi diante do desafio de lidar com um estigma injusto: "Você, psicóloga, com problemas de saúde mental?". A verdade é que, como qualquer ser humano, estamos suscetíveis ao adoecimento.


A sociedade muitas vezes nos coloca em pedestais, como se fôssemos imunes aos desafios da vida. No entanto, somos todos seres humanos com nossos próprios limites. Precisei admitir para mim mesma que também precisava de cuidado, que o autocuidado não era apenas uma recomendação, mas uma necessidade urgente.


A sobrecarga de trabalho, as exigências constantes e a pressão emocional podem, gradualmente, minar nossa saúde mental e física. Chega um ponto em que a energia se esvai, e a exaustão toma conta. Não escolhi o afastamento, mas optei por pausas curtas, momentos de reflexão e, principalmente, priorizei minha saúde para evitar um agravamento da situação. Procurar ajuda profissional foi essencial. Tratamento médico especializado, acompanhamento psiquiátrico e sessões com colegas psicólogos foram fundamentais para minha recuperação.


Compartilho minha história não em busca de piedade, mas sim para alertar e encorajar cada um de vocês a olharem para dentro de si mesmos. A vida moderna, muitas vezes, nos coloca em uma corrida constante e injusta, e é fácil esquecermos de cuidar de nós mesmos enquanto desempenhamos nossos papéis profissionais e pessoais. E também com a esperança de que ela sirva como um lembrete de que, como profissionais de saúde, também podemos adoecer.


É uma realidade que muitas vezes escondemos por trás de nossa formação, mas é importante desmistificar esse estigma. Somos humanos, sujeitos a vivências complexas e desafios inesperados. Acredito firmemente que é possível encontrar um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Devemos nos lembrar de que não somos super-humanos e que o autocuidado não é um luxo, mas uma necessidade.


Convido a todos a refletirem sobre a importância de cuidarmos de nós mesmos, de reconhecermos nossas vulnerabilidades, nossos limites e de promovermos um ambiente de trabalho mais saudável. Não se trata apenas de trabalhar para viver, mas de viver plenamente enquanto trabalhamos. Afinal, a saúde emocional e física são pilares essenciais para uma vida plena e produtiva.


Dediquem tempo para si mesmos, ouçam seus próprios sinais de alerta e, se necessário, peçam ajuda. A saúde mental é tão vital quanto a saúde física, e o bem-estar individual é fundamental para o sucesso em qualquer área da vida.


Que esta carta possa inspirar conversas e ações que promovam o cuidado mútuo e o bem-estar em nossas vidas profissionais. Juntos, podemos construir ambientes mais saudáveis e compreensivos, onde a empatia e a solidariedade sejam a base de nossa jornada.


Neste momento, aproveito para expressar minha gratidão aos meus familiares, aos profissionais de saúde que me acompanharam nessa jornada e a todos que demonstraram compreensão e apoio.


Finalizo dizendo que a conversa sobre o adoecimento profissional não pode ser silenciada, e é através do diálogo que encontraremos soluções e apoio mútuo. Que este relato sirva como um lembrete de que todos nós merecemos uma vida plena e saudável.


Com cuidado e carinho,


Leila SilvaPsicóloga e Pedagoga




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